13/06/2018

Posso fazer uma pergunta sobre vinhos?

Categoria:  Artigo
Por: Vitrine dos Vinhos
Sobre vinhos

Dias desses fomos questionados sobre “qual vinho é considerado o mais tânico?”. Imaginando o que poderia vir pela frente, tentamos elaborar uma bela explicação que começou com um “depende”. Só que antes de começar a explicação propriamente dita, apareceu outra questão: “coloquem em ordem qual uva é a mais tânica”.

Bom, existem variáveis que vão desde à seleção do clone da videira, passam pelas questões climáticas e geológicas do local do cultivo, pelo timming da colheita e vão até a forma de vinificação. E elas são realmente decisivas em relação às características finais da uva e, obviamente, do vinho. Já fomos os autores da frase “um Chardonnay brasileiro pode ser diferente até de um outro Chardonnay brasileiro” e muito embora pareça uma frase sem sentido, já que estamos falando da mesma uva e do mesmo país, acredite: faz muito sentido!

No geral é possível descrever qual é a uva que tende a ser mais tânica e o estilo de vinho que tende a apresentar taninos mais presentes, só que ao invés de responder as questões, outras surgiram no lugar. Só que, dessa vez, as questões são nossas: como explicar sobre vinhos sem ser tachado de enochato? Como avaliar se uma pergunta é fruto de uma dúvida sincera ou se é um provocante teste de conhecimento? E a questão mais relevante: é possível conversar sobre vinhos sem afetação e sem esbarrar em algum limite?

Há algum tempo, estávamos reunidos em uma vinícola e ouvimos uma pessoa sabatinar o guia com várias perguntas:

“Esses aromas diferentes no vinho vêm de onde? É da uva?”
“Por que tem vinhos que são doces e outros são tão secos?”
“Por que tem gente que cheira rolha?”

Diferentemente da primeira situação, essa nós achamos muito mais bonita de ver! Não era sarcasmo, teste de conhecimento ou provocação: havia interesse e curiosidade em cada uma das perguntas, que eram seguidas por uma reação de surpresa com as respostas dadas.

Sobre Vinho

O mundo dos vinhos está repleto de curiosidades e não existe problema algum em indagar qualquer coisa que venha à mente. Da mesma forma, não há problema algum em responder o que você pensa sobre vinhos, principalmente se nesse jogo de perguntas e respostas houver um legítimo interesse das pessoas.

Nas nossas antigas visitas às vinícolas, às feiras e aos eventos, sentíamos que, à medida que as nossas dúvidas eram sanadas, aumentavam a curiosidade e a vontade de beber vinhos. Na primeira degustação coletiva da qual participamos, a guia nos apresentou um passo a passo bem simplificado sobre cada gesto: porque girar a taça, porque cheirar, porque bochechar. E por compreender cada um dos gestos é que repetimos o que aprendemos até hoje.

Simplesmente porque faz sentido.

Nós pensamos no vinho como um caminho sem volta. Você aprende cada vez mais a curtir à sua própria maneira, a conhecer seus gostos e a comprar vinhos sem medo. E você aprende, também, que uma conversa sobre vinhos tem limites, pois não se pode querer impor conceitos e adestrar as pessoas: deve-se compreender que todas elas têm os seus próprios gostos e a sua forma de curti-los. Seja você um bebedor de vinhos que segue cartilha, seja você minucioso, seja você uma pessoa em busca de paz e de prazer: há espaço para todos!

Já encontramos muitos especialistas que tentaram nos doutrinar e dizer o que deveria ser dito ou feito no mundo dos vinhos. Já encontramos pessoas que falavam muito e não diziam nada. E, felizmente, já conhecemos pessoas incríveis que nos abriram a cabeça e nos fizeram querer saber ainda mais sobre o assunto.

Assim como se bebe vinhos até encontrar grandes exemplares que vão alegrar o seu dia, você conversa e troca ideias até encontrar pessoas que realmente vão te inspirar e te instigar a continuar aprendendo.

Por isso mesmo é que você nunca deve deixar de fazer perguntas sobre vinhos, sobretudo se nessas perguntas houver uma genuína vontade de querer saber mais sobre essa bebida. Compartilhar pontos de vista em tempos como esses, em que conceitos absolutos fazem parte do nosso dia a dia, é a melhor forma de aprender, de relativizar e de aproveitar ainda mais o prazer que o vinho dá.


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