Champagne é o que chamam de bebida do sucesso. Estereotipado ao máximo, é só um vinho, mas representa mais do que isso: bebê-lo é como dizer “é isso aí, cheguei lá”.
Infelizmente, parte dos estereótipos sempre escondem alguma parcela de verdade. E basta uma análise fria para concluir que o champagne é realmente uma bebida burguesa no Brasil. É um vinho pra poucos. E não teria como afirmar outra coisa, considerando que uma garrafa não sai por menos de R$300. Fora os rótulos impagáveis que giram em torno de 4 dígitos e que adornam algumas prateleiras como verdadeiras obras de arte.
Só o marketing e a tradição já fazem a balança pender forte pro lado do preço. Coincidentemente, enquanto eu fazia esse post, saiu uma entrevista de Clément Pierlot – chef de cave do Champagne Pommery – na Drink Business, na qual ele chancela esse poder da bebida no setor.
Mas existem algumas questões objetivas na jogada e que deveriam ser levadas em consideração:
Por aqui, ainda tem mais uma variável importante: a carga tributária. Atualmente, a que incide sob os espumantes é de 59,49%. Pouco? Pra alguns produtores e especialistas brasileiros sim. Há 2 anos, no auge da pandemia, algumas associações de vinho enviaram uma carta para o atual Ministro da Economia, a fim de ressuscitarem as salvaguardas, que são uma espécie de medida de proteção ao produto nacional. Nessa oportunidade, solicitaram um aumento dos impostos e a instauração de barreiras aos vinhos importados, em face de supostos prejuízos que sofreram por conta do Covid. Isso, no ano em que o brasileiro mais consumiu vinhos e mais rendeu lucro pro setor…
Após vários portais darem luz ao caso, houve um certo rebuliço nas redes e alguns dos autores da carta negaram que essa era a sua intenção, embora o teor do documento tenha caído em domínio público e revelado que, intencionalmente ou não, muitos pontos nele descritos davam a entender exatamente o que foi entendido.
Créditos: Facebook Champagne Philipponnat
As anotações da importadora Clarets sobre o produtor valem a reprodução.
Em suma, a história da Philipponnat data de 1522, quando a família já possuía vinhas na região de Champagne. É tão antiga a sua jornada que, na época de Luiz XIV, a família já era um das fornecedoras de vinho da corte francesa.
O coração da Philipponnat está em 5,5 hectares de terras em Mareuil, no chamado Clos de Goisses (expressão que, no dialeto local, significa “encosta íngreme” e se refere à inclinação de 45º e face sul desses vinhedos). Mas a Maison, ao todo, tem cerca de 20 hectares de vinhedos, todos em classificação Grand ou Premier Cru e nas áreas francesas de Aÿ, Mareuil e Avenay.
Segundo a importadora, a abordagem na gestão das vinhas é a mais natural possível e os vinhos de reserva permanecem em barricas de carvalho em um processo de solera. No geral, os Champagnes Philipponnat ficam de três a onze anos envelhecendo em caves históricas.
Na ficha técnica, o produtor informa que o Champagne Royale Réserve Brut é um blend entre Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier “de cor dourada profunda com reflexos âmbar, tem espuma delicada, viva e persistente. De primeira, revela no nariz os aromas de flor de videira, tília e pão fresco levemente torrado. Depois do vinho respirar, desenvolvem-se aromas de frutas de verão, frutas cítricas e mel. Um fino ataque na boca, frutado (groselha, framboesa e uva madura), encorpado, generoso e longo. Final de boca com leves notas de biscoito e pão fresco”. (tradução livre)
É um champagne de aromas frutados – sinto muita casca de abacaxi maduro, pera e pêssego – além de flores brancas, nozes, casca de brioche e pão torrado. É seco, embora traga uma sensação de doçura. É cremoso, tem uma acidez aguda, corpo médio e um sabor longo e intenso. Um final de boca muito marcado não só pelo pão, mas também por frutas cítricas.
Paguei R$666 por ele na Clarets.
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