O berço da Malbec é francês. Só que a uva em Cahors ou nos cortes em Bordeaux não tem – mas nem de longe – o sucesso que alcançou nas terras argentinas.
Se na versão franca aparece ora como tempero, ora dando origem a vinhos mais encorpados e austeros, ela entrega riqueza aromática, estrutura e suavidade na sua versão latina. Esse foi o perfil que dominou o mercado e estabeleceu uma nova ordem.
Mas, apesar de mantê-la viva no jogo, a produção argentina não se basta só com a Malbec: ela também lança opções à base de Torrontés, Bonarda, Sémillon, Chardonnay, Pinot Noir e Syrah que, embora menos emblemáticas, costumam ser corretas e bem-feitas.
Rutini Wines, por exemplo, é uma vinícola das antigas e que, graças ao enólogo Mariano di Paola, tenta unir a tradição, a experiência e a inovação pra fazer dos vinhos uma experiência única. Possui um portfólio vasto, que vai de Petit Verdot a Gewürztraminer, mas não ignora a Malbec, pelo contrário: na Coleção Rutini 2018, ela é oferecida ao público na sua versão mais conhecida e apreciada.
Créditos: Facebook Rutini Wines
Os primeiros passos da propriedade datam de 1885, quando Felipe Rutini fundou a Bodega La Rural em Coquimbito/Maipú. Em 1925, começam as plantações no Valle de Uco e, aos poucos, as instalações originais da Bodega La Rural foi se renovando, tal como as técnicas de produção de vinhos. Finalmente, em 2008, começou a se construir na região de Tupungato o que hoje se conhece como Rutini Wines.
A propriedade cobre mais de 400 hectares, com vinhedos em altitude que variam de 1.050 a 1.200 metros acima do nível do mar. As linhas de vinhos são várias: Felipe Rutini, Antología, Apartado, Single Vineyard, Dominio, Coleção Rutini, Encuentro, Trumpeter, Trumpeter Reserve, Especiales e Estuches.
No total, a Rutini produz cerca de 4 milhões de vinhos, com a promessa de expandir pra 6 milhões.
Sobre o vinho, o produtor o descreve como “roxo violáceo, com matizes azuladas. No nariz, destaca a grande complexidade aromática, com notas de ameixa e especiarias como baunilha e pimenta negra, além de um fundo floral que lembra violeta. Na boca, reafirma as notas frutadas, os taninos envolventes e sedosos, presentes e amáveis, que destacam a sua personalidade e grande complexidade”. (tradução livre).
Um vinho tinto de aromas intensos. Muita violeta, ameixa e amora maduras, além tomilho fresco. Somado a eles, notas de carvalho e de chocolate meio amargo. Ele é seco, tem acidez média-alta, taninos médios e um corpo que varia do médio ao encorpado. Tem um grande ataque de boca, mas sem tanta persistência. Aliás, a fruta permanece menos tempo na boca do que a madeira, que se prolonga.
Acredito ser uma voz solitária nesse sentido, porque tenho certeza de que o Rutini Malbec 2018 é o tipo que agrada a imensa maioria dos enófilos que estão ao meu redor, alguns ainda muito habituados com o sabor residual da madeira.
Felizmente, a coisa muda um pouco quando o vinho vai à mesa junto com um pernil de cordeiro. O prato fez a fruta explodir na boca! E embora o sabor da carne se prolongue mais, o vinho ficou gostoso justamente por ficar em segundo plano. Digamos que foi um bom coadjuvante.
Curiosamente, essa experiência foi oposta daquela que tive com o Escorihuela Gascón Malbec 2018 que, ao lado de um hambúrguer de cordeiro, ficou com um gosto mais defumado e me fez preferir bebê-lo sem o lanche.
A safra 2019 está por R$ 489,00 na Zahil.
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