19/05/2021

Moscatel & morangos

Categoria:  Até R$ 50, Degustação, Espumante, Nacional
Por: Tamine de Moraes
vinho brasileiro Espumante Salton Moscatel

Espumante Moscatel – Salton, Bento Gonçalves/Brasil

A influência da pandemia no aumento do consumo de vinhos no Brasil foi comprovada por números. Mas isso não significa dizer que o vinho se tornou a bebida mais popular por aqui. Nem de longe. Pra muitos, ainda é mais fácil lembrar das marcas de café, de cerveja, de cachaça e até de whisky do que responder sem gaguejar o nome de uvas, de vinhos e até de vinícolas.

Considerando apenas o meu nicho – pessoas que curtem, bebem e se interessam por vinhos finos -, se a gente trocar uma ideia sobre o assunto, quase sempre a Salton é a vinícola brasileira mais lembrada. Já entre as uvas, as respostas variam bastante, embora quase sempre esbarrem nas Chardonnays, Cabernets e Merlots da vida. E se o tema for espumante brasileiro, o Moscatel não só aparece no páreo, como é citada ora como favorito, ora como símbolo de muita antipatia.

Por acaso, esse post é sobre o Espumante Moscatel da Salton. E digo “por acaso” porque esse vinho foi um presente que recebi de uma host de Airbnb como um sinal de boas-vindas e de feliz Ano Novo. Feliz o ano não está. Nem o ano e nem as pessoas. Aliás, nada está minimamente ok. Mas deixando as ironias à parte, achei o gesto bastante carinhoso e o presente conveniente.

Segundo o site oficial da vinícola Salton, a sua história começa na Itália, em 1878, quando Antonio Domenico Salton partiu da cidade de Cison di Valmarino, na região do Vêneto, à procura de oportunidades melhores no Brasil. Ele se instalou na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul e passou a vinificar informalmente. Já em 1910, a empresa “Paulo Salton & Irmãos” é fundada e, além de preservar o caráter familiar do negócio, trouxe ao mercado vinhos, espumantes e vermutes.

Hoje, à frente da vinícola, membros da quarta geração da família ainda preservam o legado de seu fundador Paulo Salton, amparados pelos valores das primeiras gerações. Porém, o negócio ampliou substancialmente: a Salton tornou-se a 1ª e única marca nacional a conquistar o top 1 do ranking Wine Brand Power e atualmente exporta 800 mil garrafas de espumantes para 25 países, liderados pelo EUA.

A linha de produtos da Salton vai de chás a destilados. No setor de vinhos, o consumidor encontra dos tranquilos aos efervescentes, fora a grande variedade de uvas, que vão da simples Isabel até a pouca conhecida Arinarnoa. Não há dúvidas do porquê a Salton é a mais lembrada por consumidores brasileiros: a sua presença no mercado é muito significante.

Espumante Moscatel Salton
Salton Moscatel

Sobre o espumante Moscatel, a vinícola expõe na ficha técnica os seus prêmios e uma pequena descrição: elaborado 100% com uvas da variedade Moscato, selecionadas nos vinhedos, passa por uma fermentação alcoólica a baixas temperaturas. Durante o processo, a fermentação é interrompida para manter a doçura natural da uva. Seu aroma é explosivo, com notas frutadas (pêssego, limão, flor de laranjeira, abacaxi) e florais (rosa, jasmim, flores brancas). Seu dulçor está perfeitamente equilibrado com a acidez. Sua espuma é cremosa e envolve todo o seu paladar, deixando uma agradável sensação frutada em boca.

Impressões: é um espumante aromático e que traz notas doces de lichia e de pera, além de uma nota de jasmim. Apresenta uma perlage densa assim que é servido e, na boca, exibe cremosidade. No geral, é doce e deixa o paladar adoçado por bastante tempo. Além disso, tem uma adstringência bem sutil e uma boa acidez.

“Parece que estou comendo uma lichia supermadura” foi umas das percepções compartilhadas na degustação.

Apesar dos espumantes Moscateis serem muito apreciados pelo público brasileiro, não costumo ter um à mesa por uma questão de gosto. Aliás, de sucos a drinks, do café ao chá, da cerveja ao sake, sabores doces ou adocicados quase sempre são a minha última escolha. Meus espumantes preferidos costumam ser os extra bruts e natures e, entre os tranquilos, os vinhos secos giram muito mais rápido do que os doces.

Porém, gosto bastante de visitar outros perfis e de tentar trabalhar com sabores que não são os meus favoritos. E é por isso que eu gostei do desafio de trazer um Moscatel à baila: queria combiná-lo com alguma refeição pra tentar dar a ele uma nova dimensão.

Harmonização moscatel e morangos
Vinho tinto ragu

Pra isso, lembrei de uma aula de enogastronomia que tive lá na ABS-SP. Nela, o professor Mário Telles Júnior sugeriu harmonizar um Moscatel com morangos frescos. Coloquei a ideia na prática e provei o que foi uma das mais perfeitas combinações: o dulçor do vinho e da fruta se equilibraram enquanto o paladar salivava a cada bocada. Uma harmonização simples, fácil de executar e que é capaz de engrandecer aquele Moscatel do dia a dia.

O vinho está na faixa dos 35 reais, mas acredito que possa ser encontrado por um valor menor em alguns e-commerces.

Outras opções de espumantes: clique aqui.

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