14/09/2021

Na brasa e de boa com o Champagne Vollereaux!

Categoria:  Acima de R$ 300, Degustação, Espumante, Importado
Por: Tamine de Moraes
Champagne Vollereaux

Champagne é um universo à parte. A sua complexidade e o seu sabor são tão provocativos quanto o seu preço no mercado nacional – sempre muito acima dos 3 dígitos.

Lembra daquele acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia no dia 28 de junho de 2019? Ele prevê reajustes nas tarifas de importação de alguns produtos, entre eles o champagne e outros vinhos espumantes. Muitos comemoraram a notícia, porém o acordo precisa ser ratificado por todos os países-membros da União Europeia para vigorar. Até agora, a França reluta em aceitá-lo e questiona o compromisso do Brasil diante das causas ambientais, pauta crucial pra diversos países europeus.

Caso o Brasil reajuste seu comportamento, ainda assim, o tal reajuste de tarifas poderá não se refletir no preço final dessas bebidas. Digo isso porque a definição do preço de um vinho abrange uma série de fatores que vão além dessas tarifas: tem os custos de armazenamento e operacionais, a margem de lucro, a precificação e estratégias da concorrência, entre outros.

Essas variáveis não apenas se combinam como podem se associar às mil e uma instabilidades políticas e ao caos socioeconômico ora agravados pela pandemia. Isso pode resultar (como já resulta hoje) num preço final inviável pra uma boa parcela da população.

Dá pra acabar a discussão por aqui, mas ainda tem a bendita questão cultural: os vinhos não são populares como outros fermentados e destilados à venda no Brasil. São vistos como um artigo de luxo e muitos desejam que eles permaneçam sendo exatamente assim, porque ganham grana em cima dessa fama e se destacam por esse “gosto diferenciado”.

Tem sempre um movimento ou outro voltado à superação desse elitismo, mas ainda tem muito chão pela frente para que esses estigmas sejam superados.

Logo, se o acordo Mercosul-União Europeia acontecer e refletir minimamente no bolso do bebedor de vinhos, o champagne ainda não será acessível e nem superpopular de uma hora pra outra.

Então, ao invés de ficar sonhando com acordos ou preços baixos, descubra como beber um champagne hoje.

E hoje dá pra

  • ir pra Europa e beber in loco, porque lá um champagne mais simples custa a metade do valor que se vende aqui. Só é uma pena que ir pra Europa não acontece num estalar nos dedos sem a gente antes estalar a conta bancária e… estamos numa pandemia.
  • contar com a boa vontade dos amigos e pedir pra eles trazerem uma garrafa quando viajam
  • participar de paineis de degustação pra ter acesso a algumas doses
  • ir pra feiras de vinho
  • fazer parte de confrarias ou de grupos que curtem compartilhar os custos
  • comprar um rótulo e parcelar em mil vezes

Pra quem se encontra nesse último grupo, existem alguns estabelecimentos que ofertam champagnes por um preço relativamente menor do que a concorrência. Além dos outlets e promoções que pipocam por aí, o supermercado Angeloni, por exemplo, tem diversos rótulos da Moutard Pèrres e Fils e algumas opções – quando em estoque – aparecem num valor mais baixo.

Recentemente, descobri que a Chez France vende rótulos da Maison Vollereaux por preços também consideráveis. Inclusive, o vinho de hoje é um champagne que vem do catálogo deles: ele se chama Vollereaux Brut Réserve.

Champagne Vollereaux

No site oficial da Vollereaux, há uma descrição apaixonada sobre a sua história. Por exemplo, foi em 1805 e na região de Pierre et Moussy, no coração de Champagne, que a primeira geração da família Vollereaux plantou e cuidou de suas vinhas. Um dos marcos da saga dessa família veio com o fim da Primeira Guerra Mundial, tempos em que muitos produtores de vinho se ocupavam em apagar as marcas da guerra. Nas terras da família, esse trabalho foi realizado pela nova geração Vollereaux, na qual se destaca Victor: ele restaurou o vinhedo e, nesse clima de renascimento e de esperança renovada, decidiu promover o seu próprio champanhe. O primeiro data de 1923 e as primeiras garrafas foram degustadas entre amigos e familiares. A partir daí, a base de clientes foi aumentando, tal como o volume de produção.

Finalmente, foi fundada a empresa S.A. Vollereaux e coube às gerações seguintes expandir o negócio da família. Primeiro veio o filho de Victor, Paul-Jules, que foi seguido por Paul, Jean-Marc e Pierre. Em todas essas gerações, o know-how e o amor pela videira foram herdados como um legado. Hoje, o comando está nas mãos de Franck Vollereaux (filho de Pierre) e coube a sua irmã Hélène o desenvolvimento e administração de programas de enoturismo.

Sobre o vinho: há uma descrição breve sobre a sua produção no site da Vollereaux. Em suma, ele leva Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Menieur na sua composição e passa 4 anos sur lie (termo francês para sobre as borras, técnica em que o vinho fica em contato com as leveduras mortas para ganhar complexidade). É descrito como brilhante, de cor amarelo claro e com reflexos dourados sutis. Suas bolhas finas mantêm um anel de espuma persistente na superfície. Seu bouquet apresenta aromas de fruta de polpa branca e mel, seguidos de notas de maturação e damasco. A sensação de cremosidade é agradável.

Impressões: um vinho de média intensidade aromática, com notas frescas de maçã verde e abacaxi, nozes, casca de brioche, além de uma nota olivada sutil. Possui uma cremosidade média, tem médio corpo, é bem persistente, tem uma sutil adstringência e uma acidez salivante.

Ele é bastante agradável e tem um ataque na boca mais provocante do que o ataque no nariz. O investimento que se faz num champagne dificulta pensar em bebê-lo de boa e informalmente, porém o Vollereaux Brut Réserve é fácil de beber e, tanto se basta na taça, quanto pode tranquilamente parear com petiscos, lanches e pratos leves.

champagne frutos do mar

No meu caso, era hora do almoço e resolvi harmonizá-lo com umas cavaquinhas feitas na brasa. Temperadas só com uma manteiga de ervas, rolou um cuidado extra pra acertar o ponto. O que eu posso dizer sobre a combinação: o champagne ressaltou tanto a salinidade quanto o adocicado das cavaquinhas, agora levemente defumadas e untuosas. Foi uma harmonização incrível, uma das mais gostosas dos últimos tempos!

O Vollereaux Brut Resérve sai por R$379,00 e você o encontra na Chez France clicando aqui.

Outras degustações desse blog? É só clicar aqui.

E se você já experimentou o Champagne Vollereaux Réserve Brut , avalie aqui embaixo!

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(Esse vinho ainda não foi avaliado)
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